A imagem
Sem precisar partir do pressuposto
semiótico da imagem, temos incutido em nós o fato da necessidade de
expressão, codificação e interpretação da imagem. Seja ela,
artística ou não, cada um a interpreta, a cria e a manipula
conforme a sua vontade, sendo para o bem, para o mal, apenas para seu
propósito singular de poder ou simplesmente de divulgar o seu
sentir.
Temos
registrado ao longo da história humana, manifestações artísticas
diversas, sempre alicerçadas nos acontecimentos sociais de cada
época, nos sentimentos humanos e na ruptura de modelos ou doutrinas
impostas há tempos, que vinham perdendo seu poder de influência
sobre a maioria. A arte rupestre nos demonstrou a crença e o
cotidiano dos primeiros seres humanos, com poucos instrumentos, mas
com uma magnifica expressão de sentimentos, memórias e perspectiva
dos dias posteriores. A arte renascentista mostrando para nós
descontentamento com os ensinamentos da igreja e uma parcial ruptura
com divino "Deus", foi o momento das artes, das ciências,
da cultura e acima de tudo do homem como centro e ser
transformador da natureza, ou seja, não sendo apenas observador, mas
influenciador do espaço. Já o impressionismo baseia-se no
desvincular das artes acadêmicas, dando muita ênfase à expressão
artística abstrata, cheias de natureza e cores, a incidência da luz
nas suas pinturas caia como algo muito transformador e que influencia
as suas cores de modo a nos sentirmos tragados por ela, em meio a uma
avalanche de sentimentos e emoções plenas e fantasiosas.
Sem querer desvincular a arte
digital das anteriores, mas a colocando-a como viés não só de
criação, sentimentos e apenas representação do real, mas sobre
tudo do fato, de não precisarmos necessariamente do real para fazer
arte ou expressão do que desejamos a partir do momento que nos
apropriamos do elemento básico da imagem o "pixel".
Podemos agora, mexer no real, ao nosso prazer e vontade, inserir
elementos que na natureza seriam impossíveis de elencar e
influenciar. A toda uma sociedade agora podemos fazê-la se sentir
dividida, a perder as crenças no que é certo para o viver em paz
uns com os outros, através da imagem, começar a ressoar uma figura
de ódio que passa a ser vista e não enxergada, ou quem a ver
verdadeiramente, passa a ser o impostor da justiça e que irá ser
jugado pela intolerância.
Só para não passar despercebido da minha
fala, foi impossível não citar talvez de modo meio subjetivo o
nosso cenário atual como sociedade e povo brasileiro. Com o diverso
emprego da figura, fotografia, desenhos e em resumo mostram a fala da
sociedade, vejo que nada mais cabível como a imagem para nos
retratar e dizer que estamos aflitos e em perigo.
È, a imagem conta nossa história, nossa trajetória, nossos interesses, mas agora também cria nossa história, cria a realidade para que atuemos nela, nos induz e conduz a um mundo com o qual muitas vezes não temos identificação, mas que vamos precisar aprender a conviver.
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